Entrevista com Monica Salgado!

É muito fácil falar da Monica Salgado, editora de projetos especiais da Vogue: super estilosa, linda, inteligente, incrivelmente simpática e acessível. Não esqueço o que a Paula do blog Sweetest Person disse uma vez: as pessoas mais bacanas, admiradas, inteligentes, talentosas são as mais acessíveis. E com Monica não é diferente. Desde o meu primeiro contato por e-mail, há uns meses atrás, ela se mostrou praticamente uma amiga, como se nos conhecêssemos há muito tempo. E falar que a admiro é pouco. Monica tem paixão pelo que faz (ela é formada em jornalismo e fez Marketing de Moda), respira moda e ouvi-la falando do assunto é inspirador. Como toda mulher, tem seus projetos profissionais, sonhos não realizados (ainda) e quer construir uma família. A diferença é que nesse meio tempo ela trabalha com seus saltos e roupas incríveis na revista de moda mais importante do mundo. Nessa entrevista, ela fala de sua carreira, projetos, inspirações e como construiu seu estilo.
• Quando começou sua relação com a moda? Ah, nos “assaltos” ao armário da minha mãe, sem dúvida. Minha mãe sempre foi suuupervaiodosa e o gosto pela moda (mais que isso, o gosto por se vestir bem, o prazer em se arrumar todo dia, em descobrir o que fica legal pra vc) é algo que passa pela relação da mãe com a filha. E minha brincadeira preferida sempre foi me vestir com as roupas dela, me maquiar (senão o mico não estaria completo) e sair pelo pátio do prédio – minha irmã, mais velha, ficava roxa de vergonha. Meus “desfiles” eram famosos (e motivo de chacota, claro). Ao longo do tempo, vc aprimora seu olhar, diversifica as referências (é claro que o armário da minha mãe não é mais minha referência suprema), se conhece melhor… aí a relação com a moda vai ganhando um contorno mais definido e seu estilo ganha personalidade.
• O que mais te fascina na moda? De verdade? Acho que acordar todo dia e pensar o que eu quero ser nas proximas horas é a coisa mais divertida do planeta! Tem dias que me dá uma vontade de me vestir de menino… em outros como hoje, mando ver numa saia-lápis preta ultracolante e sexy; em outros, como hoje, escolho minissaia xadrez e um estilo mais girlie! Ainda sou eu, sabe? Mas quem me conhece hoje pode ter uma ideia completamente diferente de mim, comparado a quem me conheceu ontem… Acho incrivel um pedaço de pano ter tamanho poder: vc pode ficar maravilhosa ou se destruir, se sentir a mais poderosa das mulheres ou a mais inadequada delas… brincar com a moda é muito divertido!
• Como você chegou à Vogue? Já tinha trabalhado com a Anita Castanheira, uma das produtoras executivas mais incriveis que eu conheço, na revista TPM. Ela me indicou e passei a fazer alguns frilas. Um dia a Dani Falcão, diretora, me chamou e fez a proposta – recebida com a maior alegria que vc pode imaginar! Quero ficar muuuito tempo por aqui!
• Conte-nos sobre sua função: editora de projetos especiais. Sou responsável pela edição das revistas customizadas e títulos especiais, como a Vogue Kids, por exemplo. Na categoria customizadas entram as revistas “encomendadas” por marcas como H.Stern, Fashion Rio, Vivo…
• Como é o seu dia-a-dia na Vogue? Tem uma rotina ou nunca é igual? Nunca é igual e essa é a parte mais deliciosa do trabalho! Sou libriana e adoro não ter rotina! Chego por volta das 10h30 e não tenho hora pra sair… a gente trabalha muito e, vai parecer piegas, mas qdo vc ama o que faz, o tempo passa rapidinho e, apesar de hiper cansada, vc volta pra casa hiper feliz. E com aquela sensação boa demais de dever cumprido.


• Como é feito seu trabalho? Desde a idéia do que escrever, produzir, como é feito o processo? Bom, no processo de produção de uma revista: depende muito do tema da revista, vou usar a Kids como exemplo, publicada duas vezes por ano (edição de verão e ediçao de inverno – anota aí: a proxima sai em outubro!!!). Primeiro, a gente define a linha mestra da edição, um mood que vai permear cada pauta, cada imagem, cada editorial… na ultima edição, a gente foi tomada de uma vontade country. Depois disso, fazemos uma reunião de pauta (normalmente a diretora de redação, Patricia Carta, eu (editora), a redatora da revista e a diretora de arte. Todo mundo dá palpite. Com as pautas principais conversadas, a gente faz outra reunião só com a redação e prepara um espelho da revista. Aí, divide quem faz o que e monta um cronograma! É mais ou menos isso…
• Como você vê o mercado editorial de moda no Brasil? Faltam profissionais, ou há excesso de mão de obra? Olha, por mais incrivel que isso possa parecer, esse meio é pequenininho assim… percebi isso bem quando trabahei como free lancer, durante todo o ano de 2007. Tem pouquíssimas revistas dedicadas ao tema. Agora, do outro lado, percebo que tem poucos profissionais realmente bons (talentosos e responsáveis, que entregam no prazo, comprometidos e etc), quando penso em chamar um frila pras edições…
• Como você vê a qualidade editorial na área de moda no Brasil. Há grandes revistas, mas e as pequenas? Depende do que vc chama de pequenas. Há titulos ótimos feitos para nichos bem específicos…agora, com relação às grandes, estou com a Vogue e não abro, ehehehe! Nem me preocupo em ser imparcial…
• Para quem quer trabalhar nessa área, de editoração, jornalismo de moda, o que você indica estudar, onde estar, que empresas começar? Hum, difícil essa pergunta… acho bacana fazer bons cursos e ter conhecimentos básicos, mas nada como o dia a dia da profissão, né? O bom e velho “vivendo e aprendendo” é insubstituível… e tem que ler bastante e mergulhar na net, tipo ter fome de informação mesmo. A curiosidade é a chave pra tudo, eu acho! Por exemplo, fiz um MBA de mkt de moda e adoro ler revistas de negocios… acho legal abrir o leque de interesses e nao bitolar só em moda!
• Você tem outros projetos profissionais? Claro, muitos, muitíssimos… tinha um quadro de moda num programa de tv que amava fazer! quero muito voltar a fazer tv… mas um dia! por enquanto, a Vogue é 100% da minha vida profissional!
• Qual é a parte mais glamourosa do seu trabalho e a mais difícil? A mais dificil, eu acho (e isso não é privilégio aqui da Vogue, nao), são os prazos apertados, que te impedem de “trabalhar” melhor nas pautas e nas idéias… a mais glamourosa é trabalhar com meninas fabulosas, uma mais linda e estilosa que a outra!!!!
• Se não trabalhasse com moda, o que faria? Acho que seria psicóloga…
• O que normalmente te inspira? Pessoas, lugares, beleza…? Pessoas, sem um tico de dúvida. Amo falar com gente diferente, sou supertagarela… pessoas inteligentes me inspiram, muito!
• Como aprendeu a ter tanto estilo e segurança, porque todas as vezes que te vi na tv, você “banca” (como você mesma costuma dizer!) o que veste! Eba, brigada! Acho que é algo que vc lapida com o tempo, não? A Carine Roitfeld já disse que “alguns nascem com estilo e isso não pode ser aprendido. Mas sempre se pode aprender a evitar grandes erros”. Adoro essa frase… pq tem um feeling, algo inexplicável, que bate qdo vc se olha no espelho com um look suspeito e pensa ” nao sei pq, mas não está legal”…
• Sugestões de livros e revistas, sites: Tantos… leio de tudo: gosto da Vogue inglesa, da brasileira (claro!!!), a americana é obrigatória, da Bazaar, leio Isto É Dinheiro e Vida Simples (adoro!!!). E tbém curto uma boa fofoquinha, confesso. Sites, gosto do blog da querida Maria Prata e sou a-pai-xo-na-da pelo Te Dou um Dado?
• Tem um sonho não realizado? Muitos… milhões, eu acho. Quero conhecer vários lugares, envelhecer (bem) do lado do meu amor, ter bebê, uma casinha fofa de vila, uma Chanel 2.55, a coleção inteira da Miu Miu… vários mesmo! Mas se eu conseguir ser uma pessoa melhor a cada dia (e eu tento viu? Haja terapia) já tá bom demais…

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