Burberry

Da série “posts mais difíceis de escrever, ever”, receber, só receber, o convite para assistir o desfile da Burberry já foi um choque. Não dava para acreditar, juro. E olha que eu abri o envelope para certificar se era mesmo meu nome, pois pensei, vai saber, me confundiram. Mas não, estava lá, escrito a mão (que letra!) Barbara De Resende. Meu passe para os minutos surreais que eu ia viver já estava em mãos.

Depois do convite, eu fiquei pasma com a beleza do local do desfile, o Kensington Park. Tapete branco (sim, branco) dão as boas vindas. Para chegar na porta você passa por um pit de fotógrafos, tudo super organizado, só esperando para clicar as famosas e lindas. E como tinha gente linda. E a tenda? Nada de um caixote preto, para pesar em meio às árvores e gramado: era de plástico transparente, enorme, com bastante luz natural e com teto abobadado. Não vamos estragar a paisagem.

O desfile estava marcado para as 16h. Começou as 16h05. Outra coisa inesperada nos desfiles de Londres: quando apagam as luzes, todo mundo – eu digo todo mundo – pede silêncio, não se ouve um pio. Segundos depois, a primeira modelo entra na passarela. E os desfiles são mais longos do que os daqui, com muitos looks.
A trilha sonora, por si só, já era suficiente para se emocionar. 3 músicas que me arrepiaram do começo ao fim (para ouvir, clique aqui). Os looks, um mais maravilhoso que o outro, indo e vindo, em modelos tão lindas quanto a própria roupa que vestiam. Olho a primeira fila é lá estão Anna Wintour, Tim Blanks (adoro ele; hoje ele escreve os reviews dos desfiles para o style.com), Garance Doré, Scott Schumann, Hillary Alexander (que esteve no nosso jantar de boas vindas), Mario Testino, Emannuelle Alt. Para finalizar o conto de fadas, efeito de trovões e chuva do lado de fora da tenda e do lado de dentro, plásticos furta-cor caindo para a entrada final, com modelos segurando os guarda-chuvas mais bonitos que já vi. Como faz para voltar à realidade depois disso tudo?

A mistura de cores é maravilhosa! Adorei o styling: casacos curtos ou bem pesados e volumosos com um cinto por cima para marcar a cintura. Para dar graça, suéteres e camisetas com bichos estampados. A coruja vai ser hit, pode apostar. E no dia seguinte, pude ver – aguenta coração – as roupas de perto! Fomos no showroom da marca conferir tudo que foi desfilado um dia antes!

O prédio do showroom é enorme. Vendo de perto pude perceber o quanto os casacos são pesados e alguns bem volumosos. Basta usar um desses para nem saber o que é o frio de Londres. Como no desfile, tons fechados: verde militar, bandeira, várias tonalidades de marrom e cinza, vinho, um azul lindo que não chega a ser azul marinho já que é bem apagado, vermelhos, amarelos…o tipo de cor que eu adoro. Com certeza a lista de hits inclui a coruja, a luva com tachinhas, os casacos curtinhos, as listras com bordados em pedras facetadas. Ah, e o guarda-chuva, que aliás, eu vi dias atrás modelos bem parecidos no Bom Retiro, mas em vez de várias listras, só uma, mas nas mesmas cores! O cinto com laço também deve ser copiado.

Acho que nada me prepararia para vivenciar essa experiência Burberry. Enquanto as modelos desfilavam na passarela, me perdi por um momento para ter certeza que eu não poderia esquecer nada do que estava vendo ali. Que não poderia esquecer todo o caminho – muitas vezes tortuoso e cheio de pedras – até aquele tapete branco. E como esse dia ia me afetar, dali pra frente. Não digo que é um sonho realizado, porque eu nem cheguei a sonhar com isso; estava além. É uma daquelas coisas que a vida te presenteia, sem você esperar, sem sequer ter imaginado. E que se tornam mais especiais do que o melhor dos sonhos.