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Estilo por menos

Um dos principais motivos que me faz fã das revistas inglesas é o modo como eles falam/usam/retratam a moda. Isso significa que quebram regras, fazem misturas criativas e acima de tudo, estão muito mais preocupados – sem parecer, porque dá a impressão de ser algo muito natural para eles – com o estilo. Veem a roupa como uma extensão da sua personalidade, e isso, como vocês devem saber, não significa etiquetas, logos, o último lançamento “tem-que-ter” da grife tal ou muito $$ no banco. Significa escolher o que lhe cai bem, o que tem a ver com você e adaptar uma ou outra tendência ao seu estilo – e não o contrário. E as revistas inglesas ajudam a estimular ainda mais isso: dedicam páginas e páginas – todo mês – à moda acessível (na Elle se chama Style for Less e na VogueMore Dash than Cash) com peças que dão um super efeito – as produções que eles fazem são sempre ótimas inspirações – com preços de “vida real”. São essas as páginas que eu sempre vou correndo ver.

Aí fico imaginando: não seria demais se as revistas nacionais também fizessem isso? Eu adoraria ver algo assim por aqui! Sugestões, como as acima, de looks com peças de efeito a preços acessíveis misturadas a uma ou outra mais cara (não precisamos ser 100% isso ou aquilo). Ok, sei que no Brasil a realidade é outra, mas impossível não é. Se fosse tão difícil, meu armário teria 1/5 das peças. E quem é que não gosta de comprar gastando menos?

 
Vogue inglesa fez um encarte especial More Dash than Cash, em parceria com a H&M, que apesar disso, não monopolizou as páginas: tem várias outras marcas. As peças da H&M aparecem com certa exclusividade apenas nas fotos do editorial (mesmo assim com alguns acessórios de outras grifes). Por aqui, a revista Gloss merece o mérito. Confesso que não comprava uma edição há muito tempo, mas semana passada levei uma pra casa. Me surpreendi com os editoriais, com a seleção de peças e claro, com os preços. Já até escolhi algumas coisas que vou tentar achar nas lojas.
Aqui no Fashion Gazette, sempre vou bater nessa tecla, do estilo acima dos logos, do preço, das tendências. Não que eu pense que é errado desejar/comprar/usar a bolsa de grife, a roupa que custa vários dígitos, a peça que está mais do que na moda. Afinal, é difícil mesmo resistir e se você pode, por que não? Mas não se deixe definir só por isso, pelo preço ou marca da roupa que veste. Scott Schumann, o  The Sartorialist, quando veio a primeira vez ao Brasil, em 2008, soltou: “A sensação que eu tive é que as pessoas de classe alta se vestem e se portam de forma a ser perfeitamente identificadas com esse grupo. Afinal, quem precisa de variedade quando todo mundo é tão bonito?” pergunta, disfarçando a crítica.
É um aprendizado que muitas vezes só vem com o tempo e que eu mesma gostaria de ter entendido muito antes. Como diz Ines de la Fressange“o luxo da parisiense é uma marca que garanta o bom gosto sem ostentar o preço.” As inglesas e as francesas realmente tem muito a nos ensinar.

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