Enxugamento do closet: uma reflexão depois de 2 anos mandando peças embora

Quando olho pra alguns anos atrás, vejo nitidamente todas as fases da minha vida recente, muito bem delineadas, principalmente quando o assunto é roupa:
2006: o armário que sobrava espaço | 2007: a descoberta do Bom Retiro | 2008: o blog | 2009: idas a eventos e semanas de moda | 2010 a 2012 muitas compras, muitos eventos, o blog estava a mil! | 2013: um freio nos eventos, mas ainda comprando muito; fiz o meu primeiro bazar em casa | 2014: foco na decoração da casa, + bazares, freio nas compras | 2015: desapegando de tudo quanto é possível e comprando muito, mas muito pouco.
Em 2013 eu comecei a me incomodar com o excesso de roupas no armário: já estava meio cansada de ir a tantos eventos, SPFW e essas coisas que faziam parte da minha vida desde 2009/2010 e aquele tanto de roupa começou a ficar muito parada. Pensei até em aumentar o armário, construindo um maior no quarto onde fica o escritório. Mas espera: eu não tinha que aumentar o meu espaço de armazenamento, eu tinha que diminuir o que eu tinha! Foi aí que fiz o meu primeiro bazar. Depois veio outro, depois levei algumas peças para vender na loja da minha mãe no litoral. Assim as coisas foram indo embora e quanto mais eu me desfazia delas, mas eu tinha vontade de me desfazer de mais. Doei também muita coisa, foram sacolas e sacolas (das grandes), hábito que tenho desde pequena e que é sempre um alívio.
A verdade e claro, o que mais doi, é ter percebido que boa parte do que eu tinha não condizia mais com o meu estilo de vida.  Nunca imaginei que eu chegaria a um ponto em que o problema não era ter o que usar e sim onde usar! Isso já me levou a uma crise existencial tremenda, pois queria mudar meu estilo de vida para poder usar tudo aquilo, como se eu me sentisse apenas representada pelas roupas. E por isso é difícilimo se desfazer de uma peça que você usou uma vez ou nunca usou, que é bonita mas que não se encaixa na vida que você leva. É minha maior luta nessa fase. É tão difícil que ainda mantenho várias delas aqui, paradas, mas como diz Danuza “Deus é grande”!
O que percebi nesses 2 anos de muito desapego é o clichê que se encaixa em quase todo mundo: uso quase sempre as mesmas peças todo dia. Um uniforme praticamente. Tenho sei lá, 30 pares de sapatilhas mas são só 2 ou 3 – bastante esfoladas e claro, as mais confortáveis – que parecem existir. E assim é com bolsas, bijoux e roupas. Meu sonho é ter um armário enxuto como esse abaixo, com todas as peças sendo muito bem aproveitadas:

E olha, juro que me bateu várias vezes a vontade de tirar sem dó inclusive aquelas peças difíceis. De refazer meu armário, tipo esquadrão da moda, que aliás tem um método radical mas acredito que seja eficiente: de começar do zero! Ter somente o que lhe cai bem, o que você gosta. Simplesmente odeio quando tenho uma peça que acho linda mas que só dá para usar com calça assim, com sapato assim porque ela não fica muito bem se não for usada desse jeito.
Outra coisa que percebi é que a gente se cansa das nossas roupas, usando-as ou não. Abrir o armário e olhar as mesmas coisas todos os dias…aí você vai na loja, vê novidades e deseja…E isso ficou muito claro quando trouxe de volta sacolas e sacolas de roupas que estavam lá na praia: várias voltaram para o meu armário e eu usei, pois ficaram um bom tempo longe da minha vista.
Esse ano acho que me desfiz de umas 200 peças e não senti falta de nenhuma! Adorei montar meu bazar online: dá trabalho sim mas é uma sensação tão boa quando vejo a peça indo embora… algumas sofri um pouco para me decidir mas depois que coloco na loja, quero mais é que venda! Tomo como norte o que minha amiga Thaís sempre me diz – que aliás também tem seu bazar online: o desapego não é para fazer você sofrer; se está dolorido mandar uma peça embora, espere um pouco. E na segunda vez, você se desfaz dela mais facilmente.
O que era pra ser algo provisório ou esporádico, virou rotina: a todo momento penso quais peças posso enviar para a loja. Quase não tenho comprado roupas, até mesmo porque estou na fase de redecorar minha casa – e ainda me arrependi de algumas das poucas compras que fiz esse ano. Entro nas lojas e acho mais difícil gostar das coisas. Penso muito mais antes de passar o cartão. Mas ainda me enlouqueço de vez em quando: fui ao Bom Retiro há algumas semanas e trouxe 5 parkas. Cinco! Pensei: vou me desfazer das outras 3 que tenho. Me desfiz de 1. Mas se são peças que eu uso, a quantidade até não me incomoda, assim como tenho 5 suéteres iguais, mas de cores diferentes, que uso quase diariamente. O que me agonia mesmo são as peças paradas.
E pelo jeito há todo um movimento nesse sentido do desapego: não há toa um dos livros mais comentados esse ano é da Marie Kondo, sobre organização e como se livrar das coisas. Brechós online se multiplicaram. Personal organizers estão cada vez mais requisitadas – em breve quero fazer meu curso também. Minhas amigas estão comprando menos e algumas fazendo o mesmo que eu. É um novo momento do consumo que, olha só a coincidência, veio em cia de uma crise econômica pesada por aqui.
Para se desfazer das coisas, tentei vários métodos e compartilho aqui alguns que funcionaram pra mim. E repito: vale muito a pena fazer sempre uma limpa e reflexão sobre suas roupas!
• Para se desfazer sem dó: tudo que você não gosta muito, não serve mais, tire do armário e coloque numa sacola longe dele. Abra já o espaço – é um alívio! Você não precisa imediatamente se desfazer daquilo (às vezes nossas emoções, ainda à flor da pele, nos impedem) mas depois de um tempo você nem vai mais se lembrar daquelas peças e quando abrir a sacola, vai querer que tudo vá embora e se sentirá bem com isso.
• O mesmo vale para as peças mais difíceis: aquela que você pagou caro, que foi presente, que você trouxe de viagem mas que você não usa mais. Sofro para me livrar delas! Então o ideal é tirar da vista, dar um tempo e aí reavaliar se está pronta pra desapegar.
• Não fique usando outros armários da casa, para conseguir guardar o que você tem; uma vez que você faz isso, nunca mais consegue deixar de usá-los e cada vez mais vai querer ocupar outro armário. Se desfaça um pouco das coisas! Devagar e sempre.
• Mantenha tudo organizado, faça disso uma rotina como arrumar a cama – espero que seja você quem a arruma todo dia! Muitas vezes eu quebro a cabeça para reorganizar melhor as coisas, mudar de lugar e isso faz com que eu reavalie o que posso descartar.
•  Setorize: tenho uma cômoda onde só ficam as bijoux, as maquiagens e produtos de beleza. Os sapatos, todos num só lugar: isso facilita na hora de se arrumar e de organizar. E ajuda a ver o espaço que você tem e o esforço de fazer caber tudo ali: se falta espaço para caber os sapatos, está na hora de algum ir embora.
• Se for vender, faça um preço de desapego mesmo: uma peça fora da loja, mesmo que não usada, já perdeu um pouco do seu valor. Se usou, mais ainda. Melhor vender quase tudo a um preço bacana, pra se desfazer mesmo do que demorar muito para vender no preço que você acha que vale. No reality Brechó de Luxo mostrava bem como era feito o cálculo de compra e revenda, geralmente eles vendem a 1 / 3 do preço de loja e pagam metade de 1 / 3 para a dona da peça.
• Ter menos peças mas que caem bem, que são versáteis: só o tempo para nos amadurecer para isso! Por anos eu queria volume! Melhor ter 5 ótimos conjuntos para academia do que 10 que não caem muito bem. E isso nem sempre tem a ver com $: tenho peças que paguei caro e mal uso enquanto outras que paguei muito barato, uso muito. O importante é o aproveitamento. Isso é o que norteia minhas compras hoje.
Meu bazar online tem peças novas praticamente todo começo de semana – quem sabe você não encontre algo de bacana pra você por lá? Tudo a preço de desapego mesmo!