Eu adoro rotina. Eu detesto rotina

 
rotina 
ro.ti.na 
sf (fr routine) 1 Caminho habitualmente seguido ou trilhado; caminho já sabido.2 Hábito de fazer as coisas sempre da mesma maneira, maquinal ou inconscientemente, pela prática, imitação; desídia etc. 3 Hábito inveterado que se opõe a inovações ou progresso. 4 Feitio e espírito conservador. 5 Relutância contra o que é novo. 6 Costume antigo. 7 Uso geral.
Eu sou capricorniana e por isso adoro ordem, horário, planejamento, ou seja, uma rotina. Sou também dona-de-casa, tenho home office e preciso da ordem, dos horários, do planejamento, da rotina. Mas putz, quem aguenta fazer basicamente as mesmas coisas dias e dias, que rapidinho viram anos e anos? Nesse ponto, eu detesto rotina. Me entedia. Me faz arrastar para fazer aquele necessário do dia-a-dia, como lavar a louça, pensar o que vai ser do almoço, do jantar (e, claro, ter que cozinhar ambos). Tem supermercado, feira, que de vez em quando até fico animada, mas tantas outras vezes ter que escolher centenas de produtos, pegar fila, carregar sacolas, não é a melhor parte da minha vida. Rotina não é para os fracos. Ou é?
“Não viva o mesmo ano 75 vezes e chame de vida.” Genial essa frase. #acordamenina
Rotina é acordar e saber que o dia será o mesmo de ontem, o mesmo da semana passada, o mesmo de sempre. Nada de grandes ou boas emoções. A vida fica a mesma coisa se você deixar, e o tempo passa mais rápido na mesmice. Tem que tomar cuidado com ela.
“How we spend our days is how we spend our lives.”
E o engraçado é que tem coisas que a gente sofre pra colocar na rotina: “vou fazer hidratação no cabelo toda semana”, “vou comer coisas saudáveis de segunda a sexta”, “vou me arrumar mais para fazer as coisas cotidianas, como ir no supermercado: colocar um batom mais forte, uma bijoux mais poderosa”. Aham. E tem coisas que não saem da nossa rotina nem com oferenda, promessa ou pior, muito esforço: “não vou deixar mais esse trabalho pra última hora”, “não vou comer mais tanto doce”, “não vou mais ficar nas redes sociais durante o expediente.” Tente outra vez. Como é difícil trocar um hábito ruim por um bom e como é fácil o inverso. Será tudo culpa do cérebro que sempre quer o caminho mais fácil, confortável, aquele que ele está acostumado?
Mas rotina coloca ordem nas horas, nos dias, na vida. Eu amo fazer minhas refeições relativamente no mesmo horário. Saber que o sábado é o dia de colocar a casa em ordem – ah eu adoro isso, parece que a vida também fica em ordem, coisa de capricorniana com mania de arrumação e limpeza. Se eu não conseguir fazer isso, minha semana já começa meio do avesso. Adoro a rotina de dormir e acordar. De ir para a academia – ok, nem tanto assim, mas sei que é importante manter o ritmo diário. Do ritual de beleza – experimente pular um dia só para ver o arrependimento. Da minha novelinha de todo dia – pena que não tem no domingo. E tem coisas da rotina que a gente faz no automático mesmo, porque se pensar, desiste. E eu tenho preguiça pra muitas delas, por isso sofro com alguns afazeres. Até hoje estou tentando encontrar a melhor rotina para o meu trabalho. Sei que sou uma pessoa matutina e aí quero colocar tudo para fazer de manhã: academia, trabalho, supermercado, coisas chatas e legais. Aí fica uma baguncinha. Tanto que, se eu não faço a academia de manhã, minha rotina preferida, ou eu não vou mais ou fico toda atrapalhada para encaixar ela à tarde. Eu sei que tenho que ter rotina na vida, senão eu piro.
“Eu adoro minhas rotinas; afinal sou eu mesmo que as faço.” Abílio Diniz
Mas quando eu tenho algo bem fora da minha agenda habitual, pode ser um almoço ou jantar diferente, um final-de-semana bacana, uma boa conversa, um filme que mexe com a cabeça, nossa, volto flutuando com meus pensamentos. E fico desejando ter todos os meus dias assim, diferentes, cheios de possibilidades, motivadores. Mesma coisa numa viagem. Quando a gente chega de uma incrível, não dá aquele desânimo de voltar pra nossa vida real? Comer o arroz com feijão de todo dia? Ah eu tenho, acho que vou voltar cheia de ideias, toda animada e tal, mas que nada, algumas horas no solo daqui e a energia da mesmice já me contagia.
Porém eu sei que muito tempo sem rotina faz a gente se exaustar de um ritmo que não estamos acostumados, querer a vida normal, uns horáriozinhos pra colocar ordem. Ir é bom, mas voltar também é. Eu não conseguiria viver nem em um extremo, nem no outro. Por isso que adoro e detesto rotina. Preciso e me canso. Me organiza e me entedia. Só preciso ser mais flexível entre uma coisa e outra, para ter o melhor dos dois mundos no meu.
E só para lembrar de dar mais emoção na vida, “There’s no Way I was born to just pay bills and die.”