Em 1997, eu tinha 15 anos quando Mmmbop surgiu – era a idade ideal para se ter um ídolo adolescente – e eu fui nessa com tudo. Aprendi na marra o inglês, traduzindo palavra por palavra de cada música – acho que esse é o maior legado que eles deixaram pra minha vida – colecionei revistas, cds, gravei tudo quanto é programa de tv e entrevista, fiz parte de um fã-clube mequetrefe na escola. 3 anos depois, já no primeiro ano da faculdade, tive a oportuna coincidência de estudar com outra entusiasta. No final daquele ano, eles vieram pela primeira vez ao Brasil para a turnê This Time Around, do segundo cd – e lá fomos nós, um dia antes, dormir na fila.
Minha memória guardou apenas flashes daquele dia. Do show, não sobrou nada: só consigo me lembrar do ótimo lugar que fiquei na pista e a camiseta que o Taylor – always my favourite – usava (I voted Twice? um protesto contra a polêmica contagem de votos na Florida). Nem as fotos se salvaram: usei o filme errado – sim, ainda não era câmera digital – que deixou o palco todo preto.
Vamos pular uns anos agora: me formei, fui estudar inglês na Austrália, voltei, trabalhei em banco, em agência, montei uma revista. Virei freelancer. Criei o blog e vivi muitos sonhos graças a ele: viajei a trabalho pra Londres, participei de muitas semanas de moda, conheci um mar de gente bacana e interessante. Cheguei aos 30. Reformei meu apartamento. Me apaixonei por decoração. E no meio disso tudo, Hanson who? Mal tive notícias. Só consigo me lembrar de um arrependimento de não ter ido a um show deles em 2013 em SP, depois que fiquei sabendo que uma outra amiga foi. Passou. Até que comecei a seguir o Taylor no instagram, ano passado. Aí fiquei sabendo da turnê mundial em comemoração aos 20 (!) anos do álbum Middle of Nowhere e 25 de carreira. Como assim?! As décadas voaram e eu nem me dei conta. Coração palpitou quando vi que o Brasil estava na lista.
Não queria perder essa chance de ir a um show tão especial e nostálgico. Comprei o ingresso com 2 meses e meio de antecedência, depois de quase desistir. Entre a data da compra e do show, tive dúvidas se não tinha me empolgado demais. Mas na semana que antecedeu ao grande dia, mergulhei em uma nostalgia sem fim.
Fui “estudar” as músicas “novas” (por novas entendam de 2002 pra cá), assisti shows no youtube, entrevistas, revi as fotos que tirei naquele novembro de 2000. Juro, se alguém me contasse que 17 anos depois, eu iria novamente a um show deles, com o mesmo entusiasmo, eu não acreditaria. Esses dias me fizeram voltar a me sentir como em 1997, como em 2000. E claro, me pergunto o que eu pensava da vida nessa época. A rotina ainda não esmagava os sonhos e vontades como faz quando você vira adulto. Eu queria trabalhar com criação. Com moda. Com arquitetura, desenho – estudei desenho a adolescência inteira. Queria muito morar fora. Tinha uma boa turma de amigos – já repararam que as fotos com os amigos, com o passar dos anos, possuem cada vez menos deles? A juventude estava no auge e a gente se jogava sem medo.
No show, que foi incrivelmente melhor do que imaginava, todas aquelas músicas dos anos 90 e começo de 2000, me trouxeram flashes bem precisos de quando via os clipes na MTV, de quando aprendi a letra, de como Taylor Hanson estava maravilhoso no clipe de If only. Aliás, ele continua sendo o ser humano mais bonito que já vi, com alguns extras: mais estiloso, talentoso e profissional. Estilhaçou meu coração (e de metade do mundo) quando começou namorar a então futura esposa Natalie. Quando casou, em 2002, aos 19 anos – a gente não esperava que fosse tão cedo! – e foi pai logo em seguida. Valeu hein. Agora, com 5 filhos, sem chances mesmo! Mas, contradizendo a famosa camiseta Taylor Hanson was my first love, eu digo que Taylor Hanson is my last love.
Agora estou aqui, tentando digerir tudo que está acontecendo: achei que a euforia e paixonite de ídolo adolescente tivesse ficado pra trás, afinal, agora sou adulta (aliás, senti isso na pele pela falta de pique para acompanhar o ritmo do show!). Fico revendo os vídeos que gravei, os vídeos que as outras fãs gravaram. Olho mil vezes por dia se eles atualizaram suas contas no instagram – sim, agora sigo todos, mais a irmã e a página oficial. Honestamente, não quero ficar nessa vibe. Mas quero ir a outro show o quanto antes. E encontrar eles, tirar fotos – estou até pensando em fazer parte do fã-clube oficial, que dá umas regalias muito interessantes aos membros. Estou confusa, ainda sob efeito do sábado. Será que passa logo? Será que virão outros 10, 17 anos até um próximo show?
Tanta coisa aconteceu mas ao mesmo tempo parece que não mudou tanto assim. Realizei um mesmo sonho duas vezes, em tempos bem diferentes. E mal posso esperar pela terceira vez.
That’s dedication. Totally amazing. Thank u to so many who have been in a long journey with us.
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