Dia 40 e…quanto? Já perdi a conta nessa quarentena, que ainda segue: o que foi feito com todo esse tempo, cheio de altos e baixos, dentro de casa, saindo apenas para o essencial? Prova de ferro para todos nós, esse período sem data para terminar é confuso e acredito que a maioria ainda está tentando se encontrar – uma mudança de rotina já não é muito fácil, ainda mais dentro de 4 paredes, com a casa cheia.

Estou na praia desde o comecinho, minha segunda casa. Vim achando que ficaria uma semana e portanto não me preparei: não trouxe minha agenda, meus livros, revistas, meu tablet cheio de livros digitais e tudo mais da minha rotina, que fazem falta. Já as roupas, se tenho um armário recheado nem me lembro! Uso meia dúzia durante a semana, lavo, seca no mesmo dia e já uso de novo. Mas também não vou ser ingênua de dizer que posso me desfazer de todo o resto que ficou no armário: dentro de casa a gente usa o mínimo mesmo, mas na vida normal não é assim.
Nessa fase, minha quarentena é diferente do que seria se eu estivesse no meu apartamento – certeza que estaria lendo, fotografando, criando muito mais. Estou ansiosa pra repintar as paredes. E colocar boiseries onde não tem. Reorganizar o armário – que aliás, quando eu finalmente fechei com o marceneiro, já tive que reagendar duas vezes a entrega e provavelmente ainda vou ter que postergar. Mas também precisaria cozinhar – o que eu super dispenso. Aqui na praia é bom porque é casa, tem jardim, os dias estão lindos e não resisto ao sol. Andar de bicicleta no condomínio – estamos a 20 km do centro da cidade e fora de temporada é muito tranquilo (tanto que, thanks God, a cidade tem a segunda melhor taxa de isolamento do estado de SP). E a comida de mãe a gente nem precisa explicar né. Não ficaria tranquila longe dos meus pais. A casa está cheia – minha irmã com os dois filhos também estão aqui desde o começo – o que é bom também, embora no começo sofri um pouco com o “todo mundo junto o tempo todo” – amo morar sozinha, mas acho que nesse momento não seria a melhor opção.
A nova rotina meio que se instalou por aqui – os dias não estão correndo mas nem passando devagar (embora domingo continue com cara de domingo). Tudo está sendo reavaliado nesse momento. E também estamos descobrindo coisas. Se vamos sair muito diferentes eu não sei, mas não seremos os mesmos.
INSTAGRAM: aposto que a maioria de vocês está repensando quem segue. Na primeira – e mais difícil – semana, ainda perdida e com medo, fui assistir os stories das pessoas que sempre assisti os stories. Mal consegui: alguma coisa ali não me fazia bem e eu não sabia o porquê. Dias depois descobri que o lifestyle luxuoso, cheio de viagens, roupas de grife, não encaixava no meu momento. Mas mais que isso: tirando essa vida perfeita fora de casa, dentro de casa não sobrou…quase nada – além dos publis no café, almoço e jantar. Senti falta de uma verdade, uma sutileza, algo além da pose. É até difícil explicar, porque é muito delicada a diferença entre o “conteúdo”, o look do dia que te inspira e o que te repele. Isso também vai muito do jeito de transmitir a mensagem. Tenho acompanhado poucas pessoas, aquelas que, estar em casa ou não, não fez diferença. Por outro lado, tenho adorado descobrir algumas casas charmosas, estilosas, que nunca apareciam, mas sem aquela ostentação e perfeição sabe? Aliás, é isso que busco agora. Nisso, descobri o estilo que quero pra minha (explico mais abaixo). Ah, e o festival de lives…assisti pouquíssimas, não tenho muita paciência, confesso…mas gostei muito de 2 das que vi. Acho que ainda não me acostumei com conteúdos densos no instagram.
CONVÍVIO FAMILIAR: eu não tenho filhos mas estou desde o terceiro dia com meus sobrinhos. Aqui somos em 6 no total: pai, mãe, irmã e dois adolescentes. Dividi quarto na primeira parte dos dias, tive que aprender a conviver com a baguncinha o tempo todo, em todo lugar – minha mania por arrumação e limpeza teve que se adequar – barulhos, uma certa falta de privacidade…mas quer saber? Está sendo até mais fácil do que esperava. Hoje as coisas estão mais encaixadas, as crianças estão mais sossegadas, tenho meu canto pra trabalhar em paz. E quando quero um tempo só pra mim, vou pra rede, tomo um sol, ando de bicicleta no condomínio. Já estou praticamente adaptada.
ROTINA DOMÉSTICA: estão vendo como é tentar manter a casa em ordem com todo mundo dentro né? Mas eu tenho certeza que na casa, a bagunça e a sujeira gritam menos que em um apartamento, ufa! As louças pra lavar são enormes, banheiros que precisam de um banho 2x por semana, roupas pra lavar, estender, dobrar, o tempo todo. Mesa posta. Varrer, passar pano. Também ajudo a cortar a grama e rastelar o jardim – isso eu sempre gostei de fazer. Como a casa não é minha, não me estresso tanto como se fosse a minha – ah se sujassem meu sofá! Já passei da fase da super limpeza e arrumação – que aconteceu nos primeiros dias. Agora estou mais relax.
BLOG: passado os primeiros dias, veio a vontade de pesquisar, escrever, criar. E dia desses uma leitora veio me falar que está adorando ter mais posts, que queria algo mais profundo do que o instagram entrega. Foi maravilhoso ler isso – e vejo que as visitas estão pouco a pouco crescendo. Parte da empolgação veio também com a ideia de trazer os editoriais antigos de revistas uma vez por semana aqui – não sei como não pensei antes! Tão bom fazer algo novo, do zero. E acabei me rendendo ao Tik Tok (por enquanto como espectadora) para ver os tours das casas – tem muito lá!
ÓCIO: me lembro nos primeiros dias quando todo mundo gritava produtividade por aí. Não me abalei. Sei que sou sistemática e só o fato de estar fora da minha casa, já é um super empecilho. Dei meu tempo. Fui voltando aos poucos porque senti falta, deu aquela vontade de criar, de vir pro computador. Tenho meus momentos de ócio mas sempre tive isso – a diferença é que aqui jardim e varanda fazem um bem danado. Ócio sem culpa.
ESCAPES: assisti filmes mais antigos com outros olhos (quero ver muito mais) e estou adorando a volta de outras novelas, seja em versão mais compacta ou não (sou noveleira mesmo, não sou de séries). Totalmente Demais às 19h30 está ótima mas também ando assistindo Brega&Chique – o figurino é uma coisa, já queria várias peças. E as músicas que gosto de tudo que assisto estão recheando minha playlist no Spotify – a vida com trilha sonora é realmente mais interessante, tanto que introduzi muito mais música nos meus stories – um caminho sem volta. Estou tentando aprender a pular corda (é muito mais difícil do que me lembrava!) para ter um exercício na rotina mas não sei se vou resistir; tomo sol sempre que dá uma horinha à tarde; ando de bicicleta às vezes. Está faltando um livro, ow se tá. Vou ter que dar um jeito nisso.
DESCOBERTAS: revi todos meus looks fotografados dos últimos anos e foi esclarecedor perceber que um estilo mais simples, cai muito melhor em mim. Assim como meu cabelo mais curto e mais claro. Isso vai fazer uma super diferença quando retornar pra casa, vou ver as roupas de outra maneira e usar outras combinações. E esse mesmo estilo mais simples de se vestir vai pro morar: acho que finalmente me encontrei no mar de referências que adoro – obrigada Anine Bing e sua casa minimalista clássica chique e descolada. Com espaços de sobra – não precisa preencher tudo com móvel, paredes brancas, boiseries pomposas, fotos lindas na parede. Por outro lado, tenho adorado que o maximalismo com um toque rústico (leia-se rattan, palha, vime) tem ganhado destaque – mas uso mais para referências, pesquisa, para o meu trabalho, não para minha casa, embora a tentação seja grande, mas quero facilitar as coisas!
O QUE NÃO FEZ TANTA DIFERENÇA: já disse aqui que adoro ficar em casa e que há mais de 10 anos tenho home office, portanto não foi um baque muito grande ficar reclusa. E percebi que ocupava meu tempo com saídas pra rua que não me acrescentavam, comprando coisas que tanto faz ter ou não ter. Quando a vida começar a ter a liberdade de antes, certeza que vou repensar essas minhas saídas – elas não estão fazendo falta não.
A gente vai se ajustando conforme os dias – e tem dias mais legais e outros nem tanto. Mas já aprendi que tem que ser um de cada vez.
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